Beatrice Lane Suzuki é autora de um livro magnífico: Budismo Mahayana, ainda inédito em português, temos a tradução publicada em Buenos Aires, 1961, editora Fabril, 198 páginas.
Beatrice era a esposa do pensador budista japonês Daisetz Teitaro Suzuki. Ela era professora de inglês na Faculdade Budista de Kioto, ligada a linhagem Terra Pura, ramo Otani. Talvez ela tenha influenciado o marido que, no final da vida, tornou-se devoto e praticante do Budismo Devocional.
Bem abalizada na pesquisa, entre outras ótimas lições, Beatrice nos fala, páginas 46 a 50 e adiante, que o Budismo tem quatro grandes ciclos de desenvolvimento:
1) o primeiro chamado de Budismo Primitivo que começa com o Buddha e vai até o primeiro século após a morte (Parinirvana) dele.
2) Budismo Hinayana (o termo não é pejorativo, mas uma forma budista de ser. Chama-se “Pequeno Veículo” no sentido interior, pessoal), diferentes escolas ortodoxas que permaneceram até o primeiro século depois de Cristo e quem sobreviveu foi a Theravada.
3) o 1º Mahayana (Grande Veículo) que floresceu ainda com o Buddha encarnado, vivo, e depois floresceu paralelamente ao Hinayana. Observo (com todo o respeito) que o Budismo Tibetano (Vajrayana, Mantrayana etc) vem dessa época, pois tem elementos do Theravada.
4) o 2º Mahayana que surge, desenvolve-se e consolida-se de 300 a 500 depois de Cristo, gerando o Budismo Místico Indiano, pois aproxima os Tripitakas aos Vedas, Brahmanas, Puranas e Upanishads.
Foi este 2º Mahayana que emigrou para a China, Coréia e Japão. Este 2º Mahayana interpreta o Budismo Primitivo como teísta, afirma que temos “alma” eterna e vê Sidarta Gautama como uma Encarnação Divina, Deus-Criador em carne. Teoria esta inspirada nos Brahmanismos/Hinduísmos.
Verifico que, as diversas correntes budistas japonesas, presentes hoje no Ocidente, vem deste 2º Mahayana que, chegando ao Japão aproximou-se do Xintoísmo que também é teísta e animista.
O parágrafo acima, nos faz lembrar da afirmação do estudioso/pesquisador/praticante do século 20, John Blofeld (1913-1987):
“Onde quer que o Budismo tenha se espalhado, em lugar de tentar suprimir as religiões nativas, ele incorporou as crenças locais juntamente com a iconogrfia existente e, em muitos casos, transubstanciou essas crenças em instrumentos psicológicos a serem utilizados no cultivo do Caminho”.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
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